OS POETAS NÃO MORREM AOS DOMINGOS

O Blog abre espaço para o compositor, cantor, poeta e ex-secretário da Cultura do Estado (Secma), Joãozinho Ribeiro.

Por Joãozinho Ribeiro(*)

Domingo, 23 de abril. Dia de Jorge guerreiro. Dia Mundial do Livro. Dia Nacional do Choro. Justamente a data escolhida para o poeta CB nos surpreender com a sua invenção do inesperado, e virar azulejo; fora do combinado, como costumava repetir um outro poeta anteriormente encantado. Na paz e na luz, foi desafiar o coro dos conformados e dos afinados, nos paraísos e purgatórios das nossas vãs filosofias.
O batismo da nossa relação deve ter acontecido por volta do final dos anos 70 do século passado; quando fervilhavam os movimentos contestatórios de todos os gêneros no país, na luta contra a ditadura e pelas liberdades democráticas. Possivelmente, durante a famosa Greve da Meia Passagem, desencadeada pelo movimento estudantil em São Luís, no mês de setembro de 1979. Posteriormente, sem trocadilhos, uma passagem bem pitoresca iria concretizar a sua apresentação, como poeta, para a barca da minha existência.
Eu morava bastante isolado numa casa do conjunto Vinhais, e era frequentado regularmente pelo poeta Paulinho Lopes, que também residia nas imediações. Numa destas visitas boêmias, me propôs trocar uma pequena biblioteca que possuía por um gravador, com o qual havia sido presenteado recentemente pela minha irmã Graça.
Na coletânea de obras literárias, objeto da permuta com Paulinho Lopes, lembro de alguns autores latino-americanos, alguns clássicos da literatura mundial e brasileira…e alguns outros totalmente desconhecidos até então para meu limitado repertório. Dentre estes, um de formato bastante diferente, quase de bolso, intitulado “No instante da cidade”.
O exemplar continha uma dedicatória com os seguintes dizeres: “Ao poeta Paulinho estas minhas agonias cotidianas. Celso Borges. Dez-83.” A orelha era escrita pelo poeta Roberto Kennard, que também foi revisor da obra. As ilustrações e a capa ficaram por conta do artista plástico João Ewerton. Acho que era o seu segundo livro.
Senti, desde sempre, que tínhamos em comum um faro ludovicense muito apurado. Uma imersão apaixonada pela cidade de São Luís, em seus becos e ladeiras; palafitas e sobrados; azulejos e palmeiras; com todos os vícios que o ofício de viver e o risco das descobertas oferecem.
Juntando pedaços desta história comum das nossas existências, foram mais de quatro décadas de acompanhamento recíproco, de longe e de perto, que envolvem projetos culturais, muitos destes delirantes e quixotescos, movimentos vitoriosos e fracassados, fóruns, seminários, conferências, rodas de conversas em bares e botecos, recitais, aniversários…apresentações de vários shows que realizei; dentre estes, o áudio de abertura da turnê Milhões de Uns (2019). A orelha do único livro que publiquei – Paisagem Feita de Tempo (2006).
Em 2022, nos cruzamos, presencialmente, em quatro memoráveis momentos. Em janeiro, quando levou em mãos, autografado, no meu condomínio, uma das maiores obras de sua autoria – “Lembranças, Lenços, Lances de Agora – com a dedicatória: “Pra João, poeta querido, esses lances que batucam pelos caminhos da cidade que a gente ama. Beijos. Celso Borges.”
Em março, quando fomos compartilhar as cinzas do estimado Sérgio Castellanni com as águas da Baía de São Marcos, na companhia de Zeca Baleiro e de uma tripulação de amigos e familiares, que preencheu de saudades os espaços escassos do pequeno catamarã.
Em outubro, na cidade de Pedreiras, na II Semana Cultural Samuel Barrêto. Eu, como jurado; CB, como concorrente do Festival de Música, em vitoriosa parceria com o compositor Ivandro Coelho, e a música vencedora intitulada “O futuro tem o coração antigo.”
Neste mesmo mês de outubro, mais precisamente no dia 21, estaríamos novamente juntos num grande ato público político-cultural, na Escadaria do Giz (Praia Grande), intitulado “L Festival”, contra o cand…

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Sobre Herbertt Morais

Radialista, 65 anos, criador e apresentador, por vários anos, do programa “Boletim dos Esportes”, na Rádio Ribamar AM; escritor, autor dos livros: “Ame seu Filho Antes que um traficante o Adote” (um esclarecimento sobre as drogas) e “Do Útero aos Esgotos” (uma análise crítica da prática do aborto), em breve, sairá: “Temas Sociais na Perspectiva Espírita”; blogueiro, titular dos Blogs Herbertt Morais e Espaço Kardec; instrutor de práticas esportivas e recreação, com atuação, por vários anos, na Secretaria de Desporto e Lazer (Sedel); assessor-chefe da Secretaria de Comércio e Trabalho (governo Roseana Sarney); assessor-chefe da Sedel (governo Cafeteira); gerente-geral da Cannes Publicidade, com matriz em Goiânia, diretor da TV Ribamar, Rádio Ribamar AM e Rádio Cidade FM; assessor parlamentar, na Assembleia Legislativa do Maranhão, há 32 anos e presidente do Instituto de Cultura e Cidadania Renascer.

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