Em um mundo tão carente de equilíbrio que passa por tantas provações, vale lembrar da responsabilidade em qualquer ação e buscar sintonias positivas, sejam dias de folia ou não.
Li, com grande satisfação, o texto da minha querida confreira, Alessandra Simões, sobre o carnaval, uma das nossas mais tradicional festas populares. Diz a Simone:
“Tradicional festa popular em nosso país, a origem do Carnaval remonta às comemorações realizadas pelos povos antigos, como egípcios, gregos e romanos, ainda presos aos mitos politeístas. Sofrendo alterações ao longo do tempo e chegando ao Brasil, por meio da colonização portuguesa, somente no início do século 20 é que foram acrescentados elementos, como os de origem africana, dando características mais particulares ao carnaval brasileiro, com ritmos e danças.
Além dos tradicionais desfiles das escolas de samba, hoje há também trios elétricos que ‘arrastam’ multidões no país inteiro. E o que era antes restrito a quatro dias de folia, viu suas comemorações se multiplicarem em muitos lugares por quase o mês inteiro.
A festa movimenta as cidades também em termos financeiros, gerando postos de trabalho temporário, além de apresentar novas culturas e um pouco de história com os enredos das escolas de samba.
Escala evolutiva
Sendo a Terra um planeta de provas e expiações, onde os espíritos aqui encarnados trazem consigo sensações e impulsos primitivos, cumpre-nos como encarnados adquirir elementos espirituais positivos para podermos elevar moral e espiritualmente nossa condição.
Nessas festas e outras tantas possibilidades de divertimento, os espíritos têm a oportunidade de exteriorizar o que carregam dentro de si – suas emoções mais profundas, boas ou ruins. Como espíritos imperfeitos, na grande maioria, explicitamos emoções primárias, ligadas ao instinto, substituindo-se nessas festividades o clima fraterno e sadio por excesso de álcool e drogas, violência, acidentes, num ambiente altamente sexualizado.
Vibração e sintonia
Como há a influência dos espíritos em nossas vidas, e isso depende da nossa sintonia, se estivermos em equilíbrio espiritual, sintonizaremos com espíritos bons e elevados. Mas, se não estivermos bem, e, sim, com sentimentos e pensamentos de baixa vibração, atrairemos companhias espirituais alinhadas com essa frequência.
Os excessos citados, praticados em grande escala nessas festividades, atraem uma maior quantidade de espíritos inferiores, que passam a propiciar um clima influenciável por essas vibrações.
No livro “Nas fronteiras da Loucura”, Divaldo Pereira Franco narra em um dos casos exemplificados como se daria essa influência: “A grande concentração mental de milhões de pessoas, na fúria carnavalesca, irradiações dos que participavam ativamente, enlouquecidos, e dos que, por qualquer razão, se sentiam impedidos, afetava para pior a imensa área de trevas, ao tempo em que esta influenciava os seus mantenedores…”.
Em outro livro, “Entre os Dois Mundos”, aborda as consequências: ‘Em face dos desconcertos emocionais que os exageros festivos produzem nas criaturas menos cautelosas, há uma verdadeira infestação espiritual perturbadora da sociedade terrestre, quando legiões de espíritos infelizes, ociosos e perversos, são atraídas e sincronizam com as mentes desarvoradas. Passada a onda de embriaguez dos sentidos, os rescaldos da festa se apresentarão nos corpos cansados, nas mentes intoxicadas, nas emoções desgovernadas e os indivíduos despertarão com imensa dificuldade para adaptar-se à vida normal, às convenções éticas, necessitando prosseguir na mesma bacanal até a consumpção das energias.’
A visão espírita
Embora não haja qualquer instrução específica sobre manifestações populares como o Carnaval nas obras básicas da codificação, há várias informações relevantes que auxiliam a refletir sobre o tema.
Analisando-se as questões ligadas ao livre-arbítrio, sabe-se que a Doutrina Espírita nada proíbe e nada impõe, orientando que somos responsáveis por nossas escolhas. Também esclarece sobre os fluidos e vibrações, alertando sobre a influência espiritual que podemos sofrer conforme o pensamento e até lugares frequentados. E mais: que a ninguém cabe julgar, convidando à análise racional e à reflexão sobre o que é tido por normal, ético e equilibrado nesses períodos.
Também não é preciso submeter-se à reclusão, abandonando-se a convivência com as demais pessoais, pois o homem precisa viver em sociedade. “Não. Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens; sacrificai-vos às necessidades, e até mesmo às frivolidades de cada dia, mas fazei-o com um sentimento de pureza que as possa santificar”, nos recomenda um espírito protetor em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Em tempos em que a correria dita nossas atividades, é possível aproveitar esses dias para estreitar vínculos de afeto, colocar em dia as leituras, arrumar o armário e ainda doar o que não tem mais serventia.
Em um mundo tão carente de equilíbrio que passa por tantas provações, vale lembrar da responsabilidade em qualquer ação e buscar sintonias positivas, sejam dias de folia ou não.