
“É importante a gente buscar na história desse povo afro-brasileiro, dessa cultura, tantas perseguições, desde o tempo da escravidão. Está na hora de a gente pensar melhor e se comportar melhor em relação aos direitos dos povos afro-brasileiros. A gente tem que saber como começa essa história. É muito digno que a gente respeite as religiões de matriz africana”.
Esta fala é da ministra da Cultura Margareth Menezes, após a cantora Claudia Leitte, durante seu primeiro ensaio de Carnaval, em Salvador, ter substituído, mais uma vez, a palavra “Iemanjá” da música “Caranguejo (Cata Caranguejo)”, composição de Alan Moraes, Durval Luz e Luciano Pinto, por “Yeshua”, nome de Jesus em algumas religiões cristãs.
Sem entrar no mérito da questão do racismo intencional, se a “Claudinha Leitte”, como é chamada pelos seus milhões de fãs, alterou as expressões da obra dos outros, sem a devida autorização dos autores, é uma intervenção indevida.
Quanto a uma suposta prática de racismo, por parte da cantora baiana, o Ministério Público da Bahia (MPBA) abriu uma investigação para apurar se a cantora teria cometido crime de racismo religioso.
Em sua defesa, Claudia declarou que, estando em um “lugar de privilégios”, considera o racismo um tema que deve ser tratado com muita seriedade e não de maneira superficial.
Espero que tudo não tenha passado de uma “irreflexão”, da cantora, sem a intenção de agredir a imagem de Iemanjá, um dos mais sagrados símbolos religiosos das religiões de matrizes africanas.